segunda-feira, outubro 02, 2023

Ensaio: Por que insistimos em camuflar nossa triste história.


Ensaio: Por que insistimos em camuflar nossa triste história.

Seja com “Atlântico Negro, na rota dos Orixás”, ou ainda com “A Rota do Escravo” a UnB sempre fez questão de exaltar em suas avaliações a africanidade pujante e firme que reside com muita luta em sociedade. O Brasil recebeu mais da metade dos povos africanos escravizados que se deslocaram para a América, este espinho ainda teima em ferir a nossa carne. É algo que jamais podemos esquecer. Levando em consideração as teses de René Descartes, que defendia que a modernidade criou o indivíduo e, ainda, o mais contemporâneo pensamento de Michael Foucault, que ia além, quando referendava que a modernidade criou o próprio ser humano, é possível determinar com fatos consistentes que a modernidade também foi responsável pelo maior espectro de destruição de sociedades que a humanidade conheceu, a escravidão. A despersonificação, dessocialização e a desterritorialização são nítidas e a identidade deste povo é marcada pela homogeneização espúria e violenta. Fenômeno que até hoje deixam cicatrizes indeléveis na sociedade brasileira. Essa deportação em massa, com privação do direito de existência seria, aos moldes dos valores defendidos pela declaração universal dos direitos humanos, crime de genocídio. Mas, 20 segundos da obra Amistad de Steven Spilberg sobre Tráfico Negreiro, já são capazes de rememorar sob quais condições nosso povo foi construído. Talvez, seja esta a base do pensamento do historiador Paulo Prado em “Ensaios sobre a tristeza brasileira”: “um país como o nosso usa de uma falsa alegria para camuflar uma tristeza profunda e estrutural. Não há felicidade num local construído a partir da escravidão, da cobiça e do estupro”. (Grifo nosso) O que nos falta talvez é exercitar essa memória, não as dos vencedores (colonizadores), sob o risco de continuarmos, como diria Chimamanda Adichie, a mercê do risco de uma história única. No fim, o perfilamento racial acaba nos tornando protagonistas dessa violência até hoje, afinal "todo camburão tem um pouco de navio negreiro" (O Rappa)

terça-feira, fevereiro 07, 2023

Ao Vinicius Jr., Com Carinho!

Ao Vinicius Jr., com carinho!

Que está mensagem reverbere e, parafraseando, Sidney Poitier na Obra: Ao mestre, com Carinho! “É dever de vocês mudar o mundo, se puderem”. E essa tem sido a luta de Vinicius... Se é consciente o tempo dirá... Mas, transformador, sem dúvidas é.

O que estão fazendo com o Vinicius Jr na Espanha é um atentado claro à Declaração Universal dos Direitos Humanos, precisamente nos Artigos 5°, 6° e  7°. Viola a dignidade humana pois, expõe o atleta a um tratamento degradante, impede o seu direito de SER em qualquer lugar, incita o ódio e a discriminação. Portanto, precisa ser combatido com o máximo rigor.

Já foram ultrapassados todos os limites. É inaceitável sob todos os aspectos. Não é mais algo do campo e bola. Não se restringe a violência dos zagueiros. Vai muito além. É ódio em sua maneira mais vil. No momento em que colocaram um boneco do atleta pendurado pelo pescoço em uma via pública de Madri o posicionamento deveria ser claro e contundente. O futebol ali acabou. É urgente uma ação.

Já que as autoridades espanholas, europeias e desportivas não se manifestam, o Estado Brasileiro precisa se pronunciar e se posicionar fortemente na defesa contra atos racistas, xenófobos, violentos contra qualquer cidadão brasileiro. Pelo menos é o que diz a nossa Carta Magna.

O silêncio sepulcral das principais instituições esportivas indicam não só a negligência como a cumplicidade de tais atos. As medidas são paupérrimas, as punições inexistem e a comunidade futebolística assume seu lado espúrio ao não tratar esse tema com a responsabilidade necessária. A instituição mais importante do futebol, que adora uma "campanha" publicitária para ganhar engajamento sobre temas como racismo, na prática é especialista em "sportswashing" e associação com sistemas autoritários sanguinários. No fim, eles odeiam o esporte e quem o pratica. Gostam mesmo é dos louros e da pomposa conta bancária que o futebol produz a uma parcela mínima de quem joga. O Ponta de Lança africano é invisibilizado de sua origem. Só serve de pé de obra.

Na Espanha o debate sobre o racismo quase inexiste. Todavia, isso não pode impedir que este tema seja alvo de apontamentos firmes no mundo do esporte. Até quando os grandes atletas do ontem e do hoje se calarão diante deste tipo de violência? Alguns ídolos, hoje, dirigentes na Espanha devem se posicionar, não é mesmo Ronaldo Nazário de Lima? (que já quis associar sua imagem à UNICEF sem sucesso). Aliás, à exceção de Kaká, todos o jogadores brasileiros reconhecidos pelo prêmio de melhor da Fifa, a partir da década de 1990, são negros e jogaram na Espanha. Será que nenhum deles sairá em defesa de Vinicius? De fato, ascensão social não necessariamente produz consciência. E ao atleta do futebol consciência, ainda mais coletiva, é tão raro quanto água no deserto.

Quanto ao posicionamento do Estado Brasileiro, o art.4º nos seus incisos II e VIII deixam bem claro a prevalência dos direitos humanos e o repúdio ao racismo como base de nossas relações internacionais. E órgãos como o Itamaraty precisam ficar atentos quando o direito de brasileiros são violados fora do país, ainda mais de maneira tão escancarada como ocorre na Espanha. E dias, após a elaboração deste texto mais um atleta brasileiro, Iago Galvão, do Basquete foi vítima de racismo na Espanha com os gritos de uma torcedora os os dizeres: "Mono!!!" Macaco em espanhol.

O caso Vini Jr. está longe de ser novidade ou algo isolado. Mas, a conotação e os contornos são graves pois, ameaçam sua existência, é necropolítica e atacam um símbolo pátrio dos mais importantes. Como ocorreu no Haiti, jamais permitirão que um sorriso negro, da zona tórrida tupiniquim, vença como um corpo negro, que baila de forma intrépida sobre empáfia dos colonizadores que ainda não superaram a sua condição de escravocratas. Mal sabem: o Vinícius José já venceu. E, em São Gonçalo, nas Favelas e comunidades brasileiras, ele sempre será muito mais do que um jogador de futebol. Ele é um super-herói bailarino e sorridente que através de sua arte transforma e transformará o mundo. E isso, racista e xenófobo nenhum poderá ser. Jamais.

#bailavinijr

por Flávio Bueno

segunda-feira, abril 13, 2020

Crônica - O prazo de validade do Liberal: A Necessidade.

O prazo de validade do Liberal: A Necessidade. 

Boris Johnson, premier Britânico, enfim parece restabelecer a sua saúde. Recebeu alta no último domingo e, em breve, estará novamente ocupando seu cargo de gestor máximo do Estado Britânico. Uma boa notícia para os teus compatriotas, que observaram em seu chefe de governo, um cético no início da pandemia, que inclusive fez dele uma das vítimas. E, em seu primeiro pronunciamento oficial desde que contraiu a Covid-19, fez questão de enaltecer o sistema de Saúde Pública do Reino Unido e os profissionais que o acompanham neste certame. Nada mais óbvio. 

Nestes momentos me lembro de Francisco, o Buarque de Holanda: “Roda Mundo, Roda-Gigante... O tempo rodou num instante”. E mesmo no planeta dos que defendem o terra-planismo, parece que a roda do mundo girou. E que baita 360°. Não entendeu? Explico. Boris, nome de origem eslava e bem comum no mundo do “Putinismo”, é membro do partido conservador britânico, que para grande parte dos analistas de política internacional é o mais bem-sucedido partido político de nossa história recente e que descende do Partido Tory, historicamente, aliado à Coroa e detentor de um domínio que perdura por mais de dois terços dos últimos 120 anos, no Reino Unido. Deste partido, temos célebres nomes da geopolítica mundial: Arthur Balfour, Winston Churchill, Margaret Thatcher, David Cameron, Theresa May etc. E dentre tantos, talvez o mais folclórico dos líderes de sua história rica e poderosa, tenha sido Boris. O “guerreiro” desta vertente política europeia, que voltou ganhar força no planeta na última década, vende a retórica de um alarmismo centrado em uma “Guerra” travada contra os preceitos morais da sociedade ocidental. Contudo, o que podemos observar é que tal verborragia é repleta de um nacionalismo isolacionista e xenófobo. O futuro próximo dirá. 

Com sua personalidade caricata e peculiar, o excêntrico Boris é o grande vitorioso político nesta batalha por protagonismo na Europa, de Merkel e Macron, que lutam tanto por solidificação de um bloco, que desde a 2ª GM observa na união (Benelux, Plano Schuman, C.E.C.A, M.C.E) a possibilidade de ascensão e competitividade no mundo global mas, que encontra na amarras das teses de Steve Bannon, obstáculos para sua estabilização. Pois é, a tal antiglobalização defendida pelo “mentor” político de Donald Trump e sua trupe conta com muitos adeptos na Europa e no continente americano. O BREXIT é um símbolo de tudo isso. Um signo que ainda remete às consequências da Crise da UE e que fez o Europeu “questionar” o Welfare States, a união produtiva, os acordos para livre-circulação e a importância histórica dos migrantes na estruturação laboral do bloco supranacional que detém um PIB de US$ 16,4 tri (dados de 2019). 

Ademais, o espírito conservador do partido, travestido da figura periclitante de Johnson, sempre defendeu uma pauta. A diminuição dos gastos realizados pelo Estado e o fechamento das fronteiras para os migrantes. E, justamente daí, vem alguns de nossos questionamentos: Como superar esta que se apresenta com a mais impactante crise do sistema capitalista. Solidariedade e bem-estar são utopias? Por que a consciência coletiva, em geral, só aparece quando se mais precisa? Será que os caminhos percorridos por alguns gestores desta “nova” política tem sustentabilidade ou é viável? Vejamos... 

Boris, em seu pronunciamento, enalteceu o NHS (National Health Service) que desde a sua criação, há mais de 70 anos, está entre os sistemas universais de saúde mais elogiados e completos do planeta, mesmo com as reformas liberalizantes produzidas em 1991, idealizada pelo partido conservador de Thatcher, que vociferava os danos às contas públicas que o sistema gerava. Era o fim do Welfare States? A crise do petróleo da década de 1970 reforçou tal discurso e dando origem a implementação oficial do neoliberalismo, com a Dama de Ferro no Reino Unido e o herói de Velho-Oeste, Ronald Reagan nos EUA. A lei que reformava o NHS foi modificada em 1999 e tratou de reafirmar seu caráter universal, mantendo as raízes do sistema. O Partido Conservador que antes vislumbrava com a possibilidade de promover reformas no sistema, agora vê seu principal expoente declarar que: “Não existem palavras que sejam suficientes para agradecer. Eles salvaram a minha vida”. E ainda reforçou: “povo britânico formou um escudo humano em torno do maior patrimônio nacional deste país, nosso Sistema Nacional de Saúde”. Parece que o mundo girou para o Premier e quem sabe para o partido, pelo menos por enquanto. 

Um detalhe interessante e recheado de simbolismo na fala do primeiro-ministro britânico gira em torno dos enfáticos elogios aos profissionais de saúde que cuidaram dele no período acamado na UTI. Jenny (Neozelandesa) e Luís (Português) são alguns dos nomes dignos da gratidão de Johnson. Vale ressaltar, que no fim de janeiro deste ano, oficializou-se o BREXIT, a saída do Reino unido do bloco da União Europeia. E Boris Johnson é o seu maior entusiasta, sendo colocado no cargo justamente para politicamente dar seguimento a saída da União Econômica e Monetária. 

Tal projeto tinham duas bandeiras principais: 1. Os problemas financeiros em decorrência dos gastos elevados com a recuperação econômica dos países mais pobres do bloco; 2. A facilidade com a qual estrangeiros entravam no país. É importante determinar que o Reino Unido não era adepto do Espaço Schengen (1973 - acordo entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários), o que reforça o caráter isolacionista e xenófobo de parcela dos votantes para a consolidação do plano de separação. A vossa excelência talvez não contasse com as peripécias do destino. E, no momento de enfermidade, as mãos de imigrantes estavam à disposição para cuidar do chanceler. Ironia? De acordo com as novas perspectivas definidas pelo BREXIT, os imigrantes precisarão falar inglês fluentemente, ter uma oferta de emprego e renda de cerca de R$ 166 mil anuais para ter um visto de moradia. Ou seja, imigrantes como Luís, dificilmente entrarão no país a partir de 2021. 

Talvez, o prazo de validade de certas teses políticas, que por vezes são recheadas de incoerência e instabilidade ideológica, sejam justamente a necessidade (que tal como assevera o ditador popular: Faz o sapo pular) do político sempre estar disposto a rever suas teses. Momento oportuno para o Sir Boris Johnson. Donald Trump, o Prefeito de Milão Giuseppe Sala, o Chanceler Sueco Stefan Lofven, López Obrador no México e tantos outros líderes das mais diferentes denominações políticas estão fazendo este exercício, revendo determinações políticas e preceitos ideológicos, neste momento trágico de nossa história recente. Todavia, nem todos estão preparados para isso, o que me faz lembrar da frase do estadista Charles de Gaulle: “Como um político nunca acredita no que diz, fica surpreso quando os outros acreditam”. Cabe então a reflexão de Nietzsche que afirmara que para os políticos somos divididos em apenas duas classes: instrumentos ou inimigos. E qual destas opções do jogo político nos encontramos? Ao menos uma coisa é certa. Uma hora ou outra a contradição nos torna frágeis politicamente pois, até para a incoerência existem limites. 

 Flávio Bueno - Geografia

GEOGRAFIA GERAL - FUSOS HORÁRIOS E A DINÂMICA DE HORAS NO BRASIL E NO MUNDO

Geografia em minutos: Modelos Produtivos

GEOGRAFIA EM 5 MINUTOS: ATUAIS CONFLITOS SOCIAIS E POLÍTICOS NA AMÉRICA ...

GEOGRAFIA EM MINUTOS - PROF. FLÁVIO BUENO - MÍDIA E POLÍTICA INTERNACIO...

terça-feira, julho 17, 2018

LIVE - 1968 - O ANO QUE NÃO TERMINOU

Um bate-papo com os professores Guilherme Barbosa (História), Rodrigo Caetano (História) e Flávio Bueno (Geografia) ao vivo no Facebook e no Instagram. 

Tema: 1968: O ano que não terminou... Tópicos: Movimentos Contra-Cultura, AI-5, Primavera de Praga, Martin Luther King e muito mais. 

Contamos com a participação especial do Prof. Dr. Antônio Barbosa (História Contemporânea - UNB)


 

quinta-feira, agosto 31, 2017

O começo do fim.

“O muro de Berlim foi um dos maiores símbolos da bipolarização mundial estabelecida durante a Guerra Fria. Muito mais do que um muro é um meridiano ideológico, que estabeleceu a divisão entre dois mundos, dois sistemas antagônicos, duas esferas de poder que ainda hoje, deixam marcas profundas na estrutura de social e política da humanidade”. 



Esse post é uma homenagem a nata de boas mentes adoradoras de Geografia e rock in roll. No fim da Guerra Fria um dos maiores festivais de Heavy Metal da história, o Monters of Rock, realizou uma edição na então fechada e próxima do fim, URSS. A representatividade deste evento transcende a barreira da música e da arte e inaugura no mundo socialista a construção do American Way of Life na íntegra. Pode parecer exagero, mas, bandas americanas como Metallica e Pantera levam em suas letras a essencia do povo americano, suas principais características e, claro, um americanismo.

Para meus alunos do 3º Ano:

Rock N’ Roll e Geografia

Em setembro de 1991 o Metallica participou, juntamente com AC/DC e Pantera, de um dos primeiros e último show de heavy metal na então URSS, e ajudou a colocar no chão a Força Vermelha. Agentes comunistas infiltrados na mídia local fizeram um verdadeiro terrorismo de informação, dizendo que poderiam haver até mortes naquele evento "imperialista".

O Começo do fim...

No ano de 1985, o estadista Mikhail Gorbatchev assumiu o controle do Partido Comunista Soviético com idéias inovadoras. Entre suas maiores metas governamentais, Gorbatchev empreendeu duas medidas: a perestroika ( reestruturação) e a glasnost (transparência). A primeira visava modernizar a economia russa com a adoção de medidas que diminuía a participação do Estado na economia. A glasnost tinha como objetivo abrandar o poder de intromissão do governo nas questões civis.
Em esfera internacional, a União Soviética buscou dar sinais para o fim da Guerra Fria. As tropas russas que ocupavam o Afeganistão se retiraram do país e novos acordos econômicos foram firmados junto aos Estados Unidos. Logo em seguida, as autoridades soviéticas pediram auxílio para que outras nações capitalistas fornecessem apoio financeiro para que a nação soviética superasse suas dificuldades internas.
A ação renovadora de Mikhail Gorbatchev criou uma cisão política no interior da União Soviética. Alas ligadas à burocracia estatal e militar faziam forte oposição à abertura política e econômica do Estado soviético. Em contrapartida, um grupo de liberais liderados por Boris Ieltsin defendia o aprofundamento das mudanças com a promoção da economia de mercado e a privatização do setor industrial russo. Em agosto de 1991, um grupo de militares tentou dar um golpe político sitiando com tanques a cidade de Moscou.
O insucesso do golpe militar abriu portas para que os liberais tomassem o poder. No dia 29 de agosto de 1991, o Partido Comunista Soviético foi colocado na ilegalidade. Temendo maiores agitações políticas na Rússia, as nações que compunham a União Soviética começaram a exigir a autonomia política de seus territórios. Letônia, Estônia e Lituânia foram os primeiros países a declararem sua independência. No final daquele mesmo ano, a União Soviética somente contava com a integração do Cazaquistão e do Turcomenistão.
No ano de 1992, o governo foi passado para as mãos de Boris Ieltsin. Mesmo implementando diversas medidas modernizantes, o governo Ieltsin foi marcado por crises inflacionárias que colocavam o futuro da Rússia em questão. No ano de 1998, a crise econômica russa atingiu patamares alarmantes. Sem condições de governar o governo, doente e sofrendo com o alcoolismo, Boris Ieltsin renunciou ao governo. Somente a partir de 1999, com a valorização do petróleo no governo de Vladimir Putin, a Rússia deu sinais de recuperação.

Por Jeferson Vianna

A partir deste post vamos relembrar alguns dos festivais mais marcantes da história. Começando com um dos mais simbólicos e emblemáticos, o Monsters of Rock Moscow.
Setembro de 1991 a União Soviética praticamente falida, o parlamento votando na dissolução da URSS, um cenário perfeito pra acontecer um mega show para desestruturar mais ainda o regime socialista.
Sob a vigilância de quase 11 mil homens das forças policiais (segundo alguns dados, o número de guardas foi maior, entre 20 e 25 mil), quase 1 milhão de jovens soviéticos se espremiam no Tushino Airfield, em Moscou, para assistir a apresentação de cinco grandes monstros do rock:
Pantera
E.S.T.
The Black Crowes
Metallica
AC/DC
E foi o Pantera a primeira banda a subir no palco naquele dia, com um show brutal e pesado, expressou exatamente o que o público sentia naquele momento. Foi um show curto porém histórico. No set list apenas 4 músicas: Domination, Psycho Holiday, Cowboys From Hell e Primal Concrete Sledge.


 
Depois do E.S.T, foi a vez do The Black Crowes tentar acalmar a galera, tocando canções do primeiro e ótimo disco, Shake Your Money Maker.

 
A noite já caia sobre o Tushina Airfield quando o Metallica abriu seu show com “Enter Sandman”, levando o público a transformar sentimento em canto.

Veja o show completo do Metallica no Monsters of Rock Moscow :
 
Com chave de ouro o festival foi encerrado com a apresentação do AC/DC; no setlist, clássicos como “Highway to Hell”, “Back in Black”, Wolla Lotta Rosie e, claro, “For Those About to Rock”.
Os canhões ao final da música se despediam daquelas pessoas, que presenciaram um dos momentos mais significativos e emocionantes do Rock n`Roll. 

 
Fonte: Blog “Meu Negócio é Rock”

quarta-feira, junho 07, 2017

Resumão - Indicadores socioeconômicos e a questão ambiental.

RESUMÃO

INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E A QUESTÃO AMBIENTAL.

Indicadores socioeconômicos

A mensuração da qualidade de vida e do desenvolvimento social, econômico e político vem adquirindo importância, à medida que essas informações se tornam mais acessíveis a governos e população em geral. Diariamente, uma enxurrada de indicadores invade nossa vida. Medir e transformar essas medidas em índices utilizados para revelar e sinalizar diversos aspectos da sociedade passou a integrar inúmeras atividades cotidianas. No entanto, os fenômenos estudados pelas ciências sociais são demasiadamente complexos para serem interpretados e analisados sob uma ótica unidimensional. Para interpretar um fenômeno social, é necessário considerá-lo na sua multiplicidade de aspectos, procurando suas várias dimensões analíticas.

PIB – PNB – RENDA PER CAPITA

O PIB REFLETE O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO?

O Produto Interno Bruto, também conhecido como PIB, é o principal medidor do crescimento da economia de uma cidade, região, estado, país, ou grupo de nações. O cálculo é feito com base nos valores de todos os serviços e bens produzidos dentro de uma região definida e em um determinado período. Porém, para diversos autores, o PIB já chegou a sua idade de aposentadoria e não mede o bem-estar da população e diversas falhas são encontradas na sua mensuração. O distanciamento era oportuno na década passada, contudo a busca por uma melhor condição de vida e por bem-estar é uma preocupação das pessoas do século XXI. Para entender quais são os verdadeiros valores da vida é preciso entender diversos fatores que nos cercam. É de extrema importância saber o que significa e como são mensurados os indicadores que resultam o bem-estar dos nossos familiares e que leva em consideração fatores de nossas vidas. Diversas são as críticas encontradas no cálculo do PIB no que diz respeito às medidas de bem-estar, o PIB identifica crescimento de uma nação, mas não o desenvolvimento. A confusão entre PIB e PNB é recorrente e, por isso solicita a atenção que será dada neste subtítulo. Em soma a isso, aponta-se a importância deste capítulo para apresentar conceitos que serão utilizados a posteriori. Ainda neste sentido, vale ressaltar que os dois são os mais importantes indicadores econômicos, porém o PIB é mais aplicado na maior parte do mundo, como por exemplo, no Brasil e Grã-Bretanha. Já nos Estados Unidos da América temos um exemplo prático de utilização do PNB. A ampla diferença entre ambos é que o PNB pondera as rendas enviadas e recebidas do exterior, enquanto o PIB os inclui. Ou seja, o PNB considera todos os valores que um país ganha do exterior, além das riquezas que foram ajustadas por distintas economias, enquanto o PIB representa todas as riquezas produzidas dentro de uma determinada região com fronteiras específicas independente do destino desta renda.

IDH

Atualmente, para fazer uma medida padrão do bem-estar é preciso utilizar componentes como: segurança, educação, saúde, meio ambiente, atividades pessoais, voz política e conexões sociais. O IDH é um indicador que mede os índices de educação, saúde e renda. Dado que este indicador é divulgado pela ONU tornou-se possível medir e comparar diversos países em um período determinado de tempo. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pela ONU, parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma população não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. Tem o objetivo de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Além de computar o PIB per capita, depois de corrigi-lo pelo poder de compra da moeda de cada país, o IDH também leva em conta dois outros componentes: a longevidade e a educação. Para aferir a longevidade, o indicador utiliza números de expectativa de vida ao nascer. O item educação é avaliado pelo índice de analfabetismo e pela taxa de matrícula em todos os níveis de ensino. A renda é mensurada pelo PIB per capita, em dólar PPC (paridade do poder de compra, que elimina as diferenças de custo de vida entre os países). Essas três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um.

DEMOCRACIA

A democracia é uma forma de governo cujo sentido remete à ideia de governo do povo (ou do cidadão).

DEMOCRACIA PLENA, INDIRETA E REPRESENTATIVA

Numa democracia direta, o cidadão vota e expressa sua opinião sem intermediários. No entanto, trata-se de um modelo aplicável apenas a populações e territórios pequenos. Por este motivo a maioria dos governos democráticos utiliza uma forma de democracia indireta, a democracia representativa, em que as decisões políticas não são tomadas diretamente pelos cidadãos, mas por representantes eleitos por eles. Apenas os representantes têm direito a voto e depende das leis de cada país democrático se o voto dos cidadãos é obrigatório (como no Brasil) ou facultativo (como nos Estados Unidos).

O termo democracia consolidada (ou plena) pretende-se expressar o ponto de vista de que se trata de democracias e sistemas de governo funcionantes, hígidos, que são constituídos por setores (do regime) interconectados um com o outro (sistema eleitoral, direitos de participação política, direitos e liberdades civis, independência dos poderes, poder efetivo para governar). A Noruega, a Islândia e a Dinamarca possuem os maiores índices de democracia plena do mundo.

Declaração Universal dos Direitos Humanos 

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Artigo 1°

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

A Questão Ambiental

A perspectiva ambiental consiste num modo de ver o mundo no qual se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida. À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos. A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação econômica cuja base é a produção e o consumo em larga escala. A lógica, associada a essa formação, que rege o processo de exploração da natureza hoje, é responsável por boa parte da destruição dos recursos naturais e é criadora de necessidades que exigem, para a sua própria manutenção, um crescimento sem fim das demandas quantitativas e qualitativas desses recursos. O termo “meio ambiente” tem sido utilizado para indicar um “espaço” (com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em que um ser vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e transformando-o.

Obsolescência 

Obsolescência é a ação ou coisa que se encontra fora de uso, ultrapassado, antiquado. Programação é ação humana de planejamento e execução do que fora planejado. Assim, obsolescência programada seria a ação humana de planejar e determinar o que se tornará obsoleto e ultrapassado sem que a coisa tenha em essência deixado de ser (ou existir). A publicidade e o marketing contribuíram, com seus gigantes e sofisticados aparatos para induzir necessidades artificiais no consumidor, podendo ser definida como obsolescência perceptiva.

Rachel Carson 

Rachel Carson era bióloga e pesquisadora. Em 1945, diante dos testes realizados com DDT, em Maryland, perto de onde vivia, ela propôs um artigo para o Reader's Digest sobre os mesmos, que foi rejeitado. Em 1958, diante da grande mortandade de pássaros, em Cape Cod (Cabo Cod), no extremo leste de Massassuchets, resolveu tomar novamente a iniciativa de publicar em uma revista, sobre os perigos das pulverizações com o DDT. Seu sucesso se deve à exposição, de maneira clara ao público, de crimes ambientais e mortes de peixes, animais silvestres, principalmente, dos pássaros (o silêncio do canto dos pássaros, na primavera), ou seja, de fatos registrados oficialmente e não divulgados ao público (conhecemos bem essa história, infelizmente, não somente com relação ao meio ambiente), cuja responsabilidade ela atribuiu aos inseticidas. O livro é um alerta sobre a má utilização dos pesticidas e inseticidas e seus impactos sobre o meio ambiente e sobre o próprio Homem. A autora diz “nós permitimos que esses produtos químicos fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa prévia sobre seu efeito no solo, na água, animais selvagens e sobre o próprio homem”. O foco do trabalho é o uso do DDT (Dicloro-difenil-tricloretano), produto químico sintetizado em 1874, por estudante alemão e, por um tempo, esquecido. Em 1939, as propriedades inseticidas foram descobertas pelo entomologista suíço Paul Hermann Müller, da Geigy Pharmaceutical, que ganhou o Prêmio Nobel da Medicina, em 1948, devido ao uso do DDT no combate à malária.

O Clube de Roma (1968)

O Clube de Roma é hoje uma organização não governamental (ONG) que teve início em abril de 1968 como um pequeno grupo de 30 profissionais empresários, diplomatas, cientistas, educadores, humanistas, economistas e altos funcionários governamentais de dez países diversos que se reuniram para tratar de assuntos relacionados ao uso indiscriminado dos recursos naturais do meio ambiente em termos mundiais.  Clube de Roma ficou ainda mais conhecido quando no ano de 1972, o grupo de pesquisadores liderados por Dennis L. Meadows encomendou um relatório elaborado por um grupo de cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) (Instituto de tecnologia de Massachusetts) abordando temas relacionados ao meio ambiente e aos recursos naturais, propondo a utilização do princípio de desenvolvimento sustentável para pautar as ações no mundo, salientando que os recursos naturais no Planeta Terra são finitos.
Este relatório denominado ‘Os Limites do Crescimento’, vendeu mais de 12 milhões de exemplares e foi traduzido para 30 idiomas, tornando-se um dos documentos mais vendidos sobre meio ambiente no mundo. O referido relatório demonstra por meio de programas de computador uma prospecção sobre a utilização dos recursos naturais indiscriminadamente e salienta que este sistema tende a entrar em colapso se uma modificação nas atitudes do ser humano não for iniciada imediatamente (Site http://www.clubofrome.org). 

Conferência de Estocolmo (1972)

A Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, na Suécia em Estocolmo, foi à primeira Conferência Mundial que visou alertar a humanidade sobre a necessidade de controlar seus impactos sobre o meio ambiente. A Sociedade Científica da época detectava problemas ambientais relacionados à poluição e degradação atmosféricas causadas pelas indústrias. Até então os países pensavam que a natureza era uma fonte inesgotável de matéria prima. na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, estabeleceram-se o “Plano de Ação Mundial” e a “Declaração sobre o Ambiente Humano” (orientação aos governos).

Principais Tópicos:

- Definição do Dia Internacional do Meio Ambiente
- Criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente)
- Limites para o crescimento (Países Desenvolvidos) X Crescimento a qualquer custo (Países Subdesenvolvidos)
- Definição de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis e não-Renováveis

Conferência de Tbilisi (1977)

É referência internacional para o desenvolvimento da Educação Ambiental, pois nesta Conferência foram definidos os princípios e metas para a Educação Ambiental. A Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental de Tbilisi definiu, em 1977, como princípios da Educação Ambiental a ser desenvolvida nas escolas: 
• considerar o meio ambiente em sua totalidade: em seus aspectos natural e construído, tecnológicos e sociais (econômico, político, histórico, cultural, técnico, moral e estético); 
• constituir um processo permanente e contínuo durante todas as fases do ensino formal; 
• aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada área, de modo que se consiga uma perspectiva global da questão ambiental; 
• examinar as principais questões ambientais do ponto de vista local, regional, nacional e internacional;

Relatório Brundtland. 

O Relatório Brundtland também intitulado como “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future) foi publicado em 1987 tendo sido elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela Organização das Nações Unidas – ONU. O documento deu origem ao termo Desenvolvimento Sustentável, que se refere ao desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. O Relatório ainda apresenta uma série de medidas sugeridas aos países para a solução dos problemas ambientais e para promover o desenvolvimento sustentável. Foi também importante para a consolidação das bases conceituais da Educação Ambiental. As ideias nascidas do Relatório Brundtland bem como as metas do relatório são validas ate hoje. O Relatório trata de preocupações, desafios e esforços comuns como: Busca do desenvolvimento sustentável, o papel da economia internacional, população, segurança alimentar, energia. Indústria, desafio urbano e mudança institucional.

O Tratado de Montreal (1987) 

Em linhas gerais, o texto da Convenção enunciava uma série de princípios relacionados à disposição da comunidade internacional em promover mecanismos de proteção ao ozônio estratosférico, prescrevendo obrigações genéricas que instavam os governos a adotarem medidas jurídico-administrativas apropriadas para evitar tal fenômeno. A Convenção de Viena contribuiu para o surgimento, em 1987, do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, que é um tratado internacional que entrou em vigor em 01 de janeiro de 1989. O documento assinado pelos Países Parte impôs obrigações específicas, em especial a progressiva redução da produção e consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (SDOs) até sua total eliminação. O tratado obteve sucesso e vigora até hoje, sendo referência para as ações de controle de emissões de gases e proteção atmosférica. Nesta Conferência foi recomendada, a criação de um programa de Educação Ambiental, sendo esta reconhecida como elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo. 

– Aquecimento Global e camada de ozônio

O gás utilizado para refrigeração e para armazenamento, em Ar-Condicionado, Geladeiras e desodorantes, o CFC foi considerado “agressor da camada de ozônio” e proibido ao redor do mundo, coincidentemente 1 ano antes de sua patente vencer (1987). Com o vencimento da patente, todas indústrias associadas aos royalties das vendas de CFC iam perder dinheiro, pois o CFC iria passar a custar US$1,38/kg. Veio então o substituto, o HCFC, que passou a custar US$38/kg e não funcionaria nos equipamentos já existentes, forçando as pessoas do mundo todo a trocarem seus equipamentos refrigerantes e parques industriais todos a se reformular (Já falo da obsolescência programada). Patentes vencem em 25 anos, e coincidentemente agora em 2012 (25 anos depois de 1972 e da patente do HCFC), novas pesquisas mostram que o HCFC também agride a camada de ozônio e contribui para o aquecimento global e o novo substituto “totalmente seguro” irá custar US$128/kg e não funcionará nos equipamentos existentes.

Conferências RIO-92

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92 ou ECO-92, foi realizada vinte anos depois da Conferência de Estocolmo, no Rio de Janeiro e reuniu 172 países, contando com a participação da sociedade civil. Esta Conferência lançou as bases sobre as quais os diversos países do mundo deveriam, a partir daquela data, empreender ações concretas, no sentido da melhoria das condições sociais e ambientais, tanto em nível local quanto planetária. Como resultados obtidos nessa Conferência destacam-se os seguintes documentos: “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, elaborado em um fórum de discussão não oficial, “A Carta da Terra ” e a “Agenda 21 ”, documento extraído do evento e que aborda várias sugestões para A Educação Ambiental e o desenvolvimento sustentável no século 21, daí o nome desse documento.

Conceito de Desenvolvimento Sustentável

Desenvolvimento Sustentável é definido como aquele que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade de as futuras gerações terem suas próprias necessidades – utilizar recursos naturais sem comprometer sua produção, tirar proveito da Natureza sem devastá-la e buscar a melhoria da qualidade de vida à sociedade. O desenvolvimento sustentável é um projeto social e político que aponta para o ordenamento ecológico e a descentralização territorial da produção, assim como para a diversificação dos tipos de desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta. Nesse sentido, oferece novos princípios aos processos de democratização da sociedade que induzem a participação direta das comunidades na apropriação e transformação de seus recursos ambientais.

Rio +10

Dez anos após a Conferência do Rio de Janeiro, a ONU promoveu em Johanesburgo (África do Sul) um novo encontro internacional intitulado Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a fim de analisar os progressos alcançados na implementação dos acordos firmados na Rio-92, fortalecer os compromissos assumidos nessa ocasião, identificar novas prioridades de ação além de proporcionar trocas de experiências e o fortalecimento de laços entre pessoas e instituições de diversas nações. O objetivo era a adoção de um plano de ação de 153 artigos, divididos em 615 pontos, sobre pobreza e miséria, consumo, gestão de recursos naturais, globalização, direitos humanos, assistência oficial ao desenvolvimento, contribuição do setor privado ao meio ambiente, entre outros. Também foi sugerida, na Rio+10, a criação de instituições multilaterais mais eficientes, com mais poder para auxiliar os países a atingir o desenvolvimento sustentável. Porém, realizado pouco após a aprovação das Metas do Milênio, o evento Rio+10 acabou concentrando as atenções quase exclusivamente em debates sobre problemas sociais, como a erradicação da pobreza e o acesso da sociedade aos serviços de saneamento e à saúde. Concordou-se em reduzir à metade, até 2015, a proporção de pessoas cuja renda seja inferior a um dólar por dia, a de pessoas que passam fome e a de quem não tem acesso a água potável.

A Conferência Rio + 20. 

A Rio + 20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, foi realizada no Rio de Janeiro no período de 13 a 22 de junho de 2012. Essa Conferência também tratou das questões ambientais abordados nas Conferências anteriores. A diferença é que o foco principal dessa conferência foi o Desenvolvimento Sustentável. Participaram representantes dos 193 estados membros da ONU e participantes dos variados setores da sociedade civil. Organizada pelas ONU, teve uma questão incentivadora: Qual o futuro que Queremos? Esta questão foi feita pela ONU sobre o que cada indivíduo faria para melhorar as condições ambientais do Planeta Terra. Ficou conhecida com Rio+20, porque marcaram os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (a Rio-92), e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Teve como objetivo a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

Temas Abordados. 

Os principais temas abordados foram: 

1 – A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; 
2 – A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
3 – Comunidades tradicionais e sustentabilidade
4 – Fontes de Energia Alternativa.

Conferência das Partes – COP

A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo decisório no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB. As quatro primeiras reuniões da COP foram realizadas anualmente. A partir da quinta reunião, a COP passou a se reunir de dois em dois anos. Trata-se de reunião de grande porte que conta com a participação de delegações oficiais dos 188 membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (187 países e um bloco regional), observadores de países não-parte, representantes dos principais organismos internacionais (incluindo os órgãos das Nações Unidas), organizações acadêmicas, organizações não-governamentais, organizações empresariais, lideranças indígenas, imprensa e demais observadores.  

Protocolo de Quioto

O Protocolo de Quioto constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para os países desenvolvidos e os que, à época, apresentavam economia em transição para o capitalismo, considerados os responsáveis históricos pela mudança atual do clima. Criado em 1997, o Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões de 1990. Durante o primeiro período de compromisso, entre 2008-2012, 37 países industrializados e a Comunidade Europeia comprometeram-se a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) para uma média de 5% em relação aos níveis de 1990. No segundo período de compromisso, as Partes se comprometeram a reduzir as emissões de GEE em pelo menos 18% abaixo dos níveis de 1990 no período de oito anos, entre 2013-2020. Cada país negociou a sua própria meta de redução de emissões em função da sua visão sobre a capacidade de atingi-la no período considerado.

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

De forma a auxiliar os países desenvolvidos e os de economia em transição para o capitalismo – conhecidos tecnicamente como Países Anexo I - a cumprirem suas metas de redução ou limitação de emissões, o Protocolo de Quioto contemplou três mecanismos de flexibilização: Comércio de Emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Por meio do MDL, um país desenvolvido ou de economia em transição para o capitalismo pode comprar “créditos de carbono ”, denominados “reduções certificadas de emissões” (RCEs) resultantes de atividades de projeto desenvolvidas em qualquer país em desenvolvimento que tenha ratificado o Protocolo. Isso é possível desde que o governo do país onde ocorrem os projetos concorde que a atividade de projeto é voluntária e contribui para o desenvolvimento sustentável nacional.

COP 21 - Acordo de Paris

Na 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, em Paris, foi adotado um novo acordo com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças.  

O Acordo de Paris foi aprovado pelos 195 países Parte da UNFCCC para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do desenvolvimento sustentável. O compromisso ocorre no sentido de manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

PROBLEMAS CLIMÁTICOS:

O que são Ilhas de Calor?

Ilhas de calor é o nome que se dá a um fenômeno climático que ocorre principalmente nas cidades com elevado grau de urbanização. Nestas cidades, a temperatura média costuma ser mais elevada do que nas regiões rurais próximas. Para entendermos melhor este fenômeno climático, podemos usar como exemplo as grandes cidades que são consideradas uma ilha de calor. Como esta cidade tem grande concentração de asfalto (ruas, avenidas) e concreto (prédios, casas e outras construções), ela concentra mais calor, fazendo com que a temperatura fique acima da média dos municípios da região. A umidade relativa do ar também fica baixa nestas áreas. Outros fatores que favorecem o aquecimento da temperatura em grandes cidades são: pouca quantidade de verde (árvores e plantas) e alto índice de poluição atmosférica, que favorece a elevação da temperatura. A formação e presença de ilhas de calor no mundo são negativas para o meio ambiente, pois favorecem a intensificação do fenômeno do aquecimento global.

De maneira geral, as ilhas de calor ocorrem nos centros das grandes cidades devido aos seguintes fatores:

Elevada capacidade de absorção de calor de superfícies urbanas como o asfalto, paredes de tijolo ou concreto, telhas de barro e de amianto;
Falta de áreas revestidas de vegetação, prejudicando o albedo, o poder refletor de determinada superfície(quanto maior a vegetação, maior é o poder refletor) e logo levando a uma maior absorção de calor;
Impermeabilização dos solos pelo calçamento e desvio da água por bueiros e galerias, o que reduz o processo de evaporação, assim não usando o calor, e sim absorvendo;
Concentração de edifícios, que interfere na circulação dos ventos;
Poluição atmosférica que retém a radiação do calor, causando o aquecimento da atmosfera (Efeito Estufa);
Utilização de energia pelos veículos de combustão interna, pelas residências e pelas indústrias, aumentando o aquecimento da atmosfera.

Inversão térmica

A Inversão térmica é um fenômeno natural registrado em qualquer parte do planeta, que corresponde à inversão das camadas atmosféricas (em escala local) de forma que o ar frio permanece em baixas altitudes e o ar quente nas camadas mais elevadas. Dessa maneira, ocorre assim, uma desestabilização momentânea da circulação atmosférica e alteração na temperatura.

Como ocorre a Inversão Térmica

Normalmente, a inversão térmica acontece no final da madrugada e no início da manhã, em particular, no período do inverno, visto que nessa estação tanto o solo quanto o ar, registram temperaturas mais baixas que próximas do solo, podem chegar abaixo de 4ºC. Com isso, resulta na impossibilidade do ar frio se elevar, ficando retido nas camadas mais baixas da atmosfera, enquanto o ar relativamente mais quente, que ocupa as camadas mais elevadas da atmosfera, não consegue descer.

domingo, maio 07, 2017

RESUMÃO demografia - pobreza e exclusão social

RESUMÃO

DEMOGRAFIA
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS:

Do dicionário: – (demo- + grafia) s. f. Estatística da população.

• Etimologia – Demografia (dêmos=população, graphein=estudo)

A Demografia é uma ciência que tem por finalidade: Estudo das populações humanas e sua evolução temporal no tocante a seu tamanho, sua distribuição espacial, sua composição e suas características gerais

2. CENSO DEMOGRÁFICO

Apesar das desvantagens de alto custo, divulgação demorada e freqüência reduzida, e a despeito de existirem hoje, várias alternativas de coleta de informações, o censo demográfico ainda é o principal instrumento para obter dados sobre a população, principalmente nos países em desenvolvimento.

DEFINIÇÕES DE CENSO
1) Consiste no levantamento de dados sobre todos os habitantes de uma área (cidade, província, nação, etc).
2) Nações Unidas (1980) → é o processo total de coleta, processamento, avaliação, análise e divulgação de dados demográficos, econômicos e sociais, referentes a todas as pessoas dentro da área, em um momento específico do tempo.

3. TAXAS

- A Taxa de natalidade é calculada através da divisão entre o número de nascidos vivos pelo número da população absoluta ou total.

- Taxa de mortalidade é resultado da divisão entre o número de óbitos e a população absoluta.

- Taxa de Mortalidade infantil consiste na morte de crianças no primeiro ano de vida e é a base para calcular a taxa de mortalidade infantil, que consiste na mortalidade infantil observada durante um ano, referida ao número de nascidos vivos do mesmo período.

- Taxa de fecundidade corresponde às estimativas em relação ao número de filhos que uma mulher pode ter ao longo do período de fertilidade, entre as idades de 15 e 49 anos. Esse processo é interessante para saber a quantidade de filhos ou média do mesmo para cada mulher.

- Crescimento populacional representa o crescimento vegetativo ou natural que é calculado a partir da subtração entre o número de nascidos em um ano pelo número de óbitos no mesmo período.

- Expectativa de Vida ou esperança de vida à nascença é o número aproximado de anos que um grupo de indivíduos nascidos no mesmo ano irá viver, se mantidas as mesmas condições desde o seu nascimento.

4. PIRÂMIDE ETÁRIA – DEFINIÇÃO E INTERPRETAÇÃO

É o mais usado e efetivo método de apresentação gráfica da população por sexo e idade. Consiste de dois histogramas deitados, um de costas para o outro. As barras representam grupos de idade em ordem crescente da menor para a maior idade. O número de homens ou mulheres em cada grupo de idade determina o comprimento das barras, partindo do centro.




5. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA

Entende-se por transição demográfica a oscilação das taxas de crescimento e variações populacionais. Esse conceito foi elaborado no ano de 1929 por Warren Thompson (1887-1973) para contestar matematicamente a Teoria Demográfica Malthusiana, por definir que não há um crescimento acelerado da população, mas sim oscilações periódicas, que alternam crescimentos e desacelerações demográficos, podendo envolver, inclusive, estágios de estabilidade.

Para melhor compreender o conceito de transição demográfica, é necessário ter noção de alguns conceitos demográficos, tais como a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade. A principal referência histórica para a elaboração dessa teoria foi a Revolução Industrial e a consequente constituição da sociedade moderna de consumo. Em tempos anteriores a esse, as taxas de natalidade e mortalidade eram continuamente elevadas, demarcando um período de relativa estabilidade demográfica. Porém, com a modernização dos países hoje considerados desenvolvidos, houve uma melhoria significativa nos padrões sociais de desenvolvimento, elevando a expectativa de vida e, consequentemente, declinando as taxas de mortalidade, o que foi responsável por um súbito aumento da população em um curto espaço de tempo.

Dividiu-se as oscilações entre mortalidade e natalidade, considerando o desenvolvimento das sociedades industriais, em quatro estágios principais. Para melhor compreendê-los, observe o gráfico abaixo:


Gráfico esquemático das quatro etapas do crescimento populacional e transição demográfica*
Na primeira fase, observa-se a característica de crescimento das sociedades tradicionais, em que a natalidade e a mortalidade são elevadas, o que contribui para um tímido, quase nulo, crescimento demográfico. Essa característica é predominante em países essencialmente rurais, existindo atualmente apenas em algumas nações subdesenvolvidas.

A segunda fase assinala o desenvolvimento industrial, econômico e social das populações. É o estágio característico da modernidade, quando há o rápido decrescimento das taxas de mortalidade, enquanto as taxas de natalidade demoram a cair. Graças a isso, nesse período, o crescimento populacional é acelerado. Esse segundo estágio corresponde à primeira fase da transição demográfica destacada no gráfico acima.

Já a terceira fase demarca o desenvolvimento urbano, a difusão de métodos contraceptivos e a queda das taxas de natalidade, que se relacionam, sobretudo, à inclusão da mulher no mercado de trabalho. Com isso, a fecundidade diminui e o crescimento demográfico mantém-se em um nível moderado. Podemos dizer que o Brasil se encontra nesse período de sua evolução populacional, assinalada pela segunda fase da transição demográfica do gráfico.

A quarta fase, observa-se um regime demográfico considerado moderno, com baixas taxas de natalidade e mortalidade, com um crescimento demográfico próximo a zero. É o atual período da maioria dos países desenvolvidos da atualidade.

Alguns autores, reverberam em suas linhas de raciocínio, a constituição de uma quinta fase, que é marcada pelo declínio populacional, principalmente em função da queda das taxas de natalidade em países da Europa Ocidental, Japão, etc. Tais perspectivas contribuem para a inversão da pirâmide etária e o envelhecimento populacional.

A geração do Baby-boom: um exemplo de transição demográfica

Após o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as Forças Aliadas venceram os alemães, os italianos e os japoneses. Os Estados Unidos, como vencedores, conheceram uma elevada evolução político-financeira e conseguiram elevar as condições de vida de sua população.

Com um período de guerra terminado, a população começou a produzir uma grande quantidade de filhos, sobretudo entre os anos de 1946 e 1964, fenômeno denominado de geração do baby-boom ou baby-boomers. Muitos demógrafos consideraram esse período como uma forma espontânea da sociedade de repor as perdas das pessoas mortas durante os conflitos internacionais.

Assim, da mesma forma que aconteceu nos estágios acima mencionados, esse rápido crescimento demográfico ocasionado pelo aumento da natalidade e pela baixa mortalidade foi seguido por um período de queda dos números de gravidez e a consequente redução das taxas de crescimento populacional nas gerações seguintes. Observa-se, desse modo, mais um exemplo de transição demográfica, em que um período de explosão no número de pessoas é sequenciado por um período de estabilização demográfica.
_________________________
* Gráfico adaptado de: LUCCI, E. A., et al. Território e sociedade no mundo globalizado: Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2005. p.317.

6. TEORIAS DEMOGRÁFICAS

As principais teorias demográficas são: malthusianisma, reformista, neomalthusianisma e ecomalthusiana.

Os índices de crescimento populacional são, há muito tempo, alvo de estudos e preocupações por parte de demógrafos, geógrafos, sociólogos e economistas. Há, assim, diversos estudos e apontamentos sobre o crescimento, a diminuição e a estabilização dos quantitativos populacionais em todo o mundo. Para explicar, de uma forma sistemática, essas dinâmicas, existem as teorias demográficas.

A primeira entre as teorias demográficas, ou a mais conhecida dentre elas, foi elaborada por Thomas Robert Malthus, um pastor protestante e economista inglês que, em 1798, publicou uma obra chamada Ensaio sobre o princípio da população. O seu trabalho refletia, de certa forma, as preocupações de sua época, e é preciso melhor entender o contexto histórico sobre o qual as premissas malthusianas foram elaboradas.

A Inglaterra do século XVIII havia iniciado o processo de Revolução Industrial, o que contribuiu para um rápido crescimento das populações das cidades industrializadas, notadamente Londres. O número de habitantes dobrava em algumas dezenas de anos, o que, somado aos baixos salários e às precárias condições de trabalho e moradia, contribuía para o aumento da miséria e da pobreza nos centros urbanos europeus.

Diante disso, Malthus, em sua teoria demográfica, considerou que os problemas sociais estavam relacionados com o excesso de população no espaço das cidades. Além disso, Malthus previu que a população tendia a crescer ainda mais rapidamente do que outrora, o que o fez concluir que o crescimento demográfico seria superior ao ritmo de produção de alimentos.
A teoria malthusiana preconizava que o número de pessoas aumentava conforme uma progressão geométrica (2,4,8,16, 32, 64, …), enquanto a produção de alimentos e bens de consumo crescia conforme uma progressão aritmética, portanto, mais lenta (2, 4, 6, 8, 10, 12, …). Assim, para evitar a ocorrência de grandes tragédias sociais, Malthus defendia o “controle moral” da população. Dessa forma, os casais só deveriam possuir filhos caso tivessem condições para sustentá-los. Nesse sentido, para o malthusianismo, os casais mais pobres não deveriam casar-se e procriar, pois gerariam apenas miséria para o mundo.

As refutações à teoria malthusiana no contexto das teorias demográficas não tardaram em aparecer. A principal delas atribui-se às derivações do pensamento de Karl Marx e recebeu o nome de teoria reformista ou marxista. Para essa concepção, não era o excesso populacional o responsável pelas condições de miséria e pobreza no espaço geográfico, mas sim as desigualdades sociais, como a concentração de renda no contexto da produção capitalista.

Com o tempo, o que também se percebeu foi que Malthus errou por subestimar a capacidade de produção de alimentos. Apesar do acelerado crescimento populacional que ocorreu na Europa até a década de 1970, a produção de alimentos foi superior em razão das sucessivas transformações tecnológicas proporcionadas pela segunda e pela terceira revolução industrial.

No entanto, após a Segunda Guerra Mundial (1949-1956), o pensamento de Malthus foi retomado, naquilo que ficou conhecido como teoria neomalthusiana. A popularização dessa teoria demográfica aconteceu porque, no pós-guerra, houve um rápido crescimento da população, o que foi chamado de explosão demográfica ou baby boom, um período em que o número de nascimentos foi muito superior ao número de mortes.

Nesse sentido, dotados das mesmas preocupações de Malthus, os neomalthusianos afirmaram que era necessário estabelecer um controle do crescimento populacional. No entanto, diferentemente do malthusianismo, o neomalthusianismo defendia o uso de métodos contraceptivos, o que não era preconizado anteriormente em função da formação religiosa de Malthus. Com isso, o neomalthusianismo foi amplamente adotado como política de governo por parte de inúmeros países, incluindo o Brasil, que passaram a estabelecer políticas de controle sobre o aumento de seus habitantes.

Atualmente, na Europa e em muitos países desenvolvidos, o problema é justamente o contrário do imaginado por Malthus: o baixo crescimento vegetativo. Com uma taxa de natalidade baixa e uma expectativa de vida longa, as populações tendem a envelhecer, sobrecarregando a chamada População Economicamente Ativa (PEA), responsável pelo trabalho e pelos processos produtivos, além de manter as contas previdenciárias. Países como a Alemanha e a França já adotam políticas de incentivo aos nascimentos, com financiamento de educação para o segundo filho e oferta de bolsas remuneradas aos seus pais.

7. DESEMPREGO:

O emprego, por sua vez, é uma consequência específica do capitalismo. Ele é o elo de ligação formal entre o trabalhador e o modo de produção capitalista e não com uma organização especifica, porque o trabalhador é livre para escolher a organização por intermédio da qual sua ligação se efetivará. Desta forma, o desemprego é caracterizado como sendo a não possibilidade do trabalho assalariado nas organizações de um modo geral.

Tipos de desemprego:

Desemprego estrutural: característico dos países subdesenvolvidos, ligado às particularidades intrínsecas de sua economia. Explica-se pelo excesso de mão-de-obra empregada na agricultura e atividades correlatas e pela insuficiência dos equipamentos de base que levariam à criação cumulativa de emprego.

Desemprego conjuntural: também chamado desemprego cíclico, característico da depressão, quando os bancos retraem os créditos, desestimulando os investimentos, e o poder de compra dos assalariados cai em consequência da elevação de preços.

8. MIGRAÇÕES

O termo migração corresponde à mobilidade espacial da população. Migrar é trocar de país, de Estado, Região ou até de domicílio. Esse processo ocorre desde o início da história da humanidade. O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imigrante. Emigrante é a pessoa que deixa (sai) um lugar de origem com destino a outro lugar. O imigrante é o indivíduo que chega (entra) em um determinado lugar para nele viver.

MIGRAÇÕES INTERNAS:

· Migração inter-regional: ocorre de uma região para outra.
· Migração intra-regional: ocorre dentro da mesmo região.
· Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a transferência de populações rurais para o espaço urbano. Esse tipo de migração em geral tende a ser definitivo. As principais causas dele são: a industrialização, a expansão do setor terciário e a mecanização da agricultura. O êxodo rural está ligado diretamente ao processo de urbanização.
· Urbano-Rural: tipo de migração que se dá com a transferência de populações urbanas para o espaço rural. Atualmente, é um tipo de migração muito incomum.
· Migração urbano-urbano: tipo de migração que se dá com a transferência de populações de uma cidade para outra. Esse tipo de migração é muito comum nos dias atuais.
· Migração sazonal (Transumância): se caracteriza por estar ligada as estações do ano. É um tipo de migração temporária onde o migrante sai de um determinado local em um certo período do ano e, posteriormente, volta alguns meses após. Esse movimento migratório também é chamado de transumância. · Migração pendular: é a migração diária de pessoas de uma cidade para outra como o objetivo de trabalhar ou estudar. Geralmente, as pessoas saem pela manhã de casa e voltam no fim da tarde ou à noite. As cidades onde esses trabalhadores residem são chamadas de cidades-dormitório.

MIGRAÇÕES EXTERNAS:

As migrações internacionais, atualmente, constituem um espelho das assimetrias das relações socioeconômicas vigentes em nível planetário. São termômetros que apontam as contradições das relações internacionais e da globalização neoliberal. s problemas gerados pelos fluxos migratórios são importantes e, muitas vezes, graves. As causas desses problemas estão em um debate existente nos países receptores sobre se os imigrantes vão conseguir se ingressar nas comunidades ou afastados construindo suas próprias regras. Por um lado, os imigrantes são tratados diferentes em razão das questões religiosas, étnicas e culturais. Por outro, são eles próprios que resolvem tomar a decisão de não se misturar. Como resultados dessas dificuldades de adaptação, os imigrantes correm certos riscos e enfrentam dificuldades que, muitas vezes, os fazem voltar par ao seu país de origem.

TIPOS:

- Trabalhadores (Mão de Obra)

Este tipo de migração é considerada a mais importante dentre os fluxos internacionais no planeta, pois além de elevado contingente populacional que esta revela, ainda é responsável pelo fluxo de divisas (remessas de dinheiro enviados pelos migrantes aos países de origem). Dentre as modalidades que se destacam no fluxo de trabalhadores internacionais, estão:

- Migração legal e ilegal

Migração é aquela que a pessoa sai do seu país e vai para outra região. Porem há pessoas que não tem condições de sair de seu pais legalmente, essas pessoas recorrem a meios ilegais, essa maneira de se atravessar fronteiras e praticada por pessoas em desespero ou que buscam melhores condições de vida.
- Legais:

·        Intercâmbio: Relações de comércio, ou culturais, entre nações”. Em educação, intercâmbio refere-se a estudantes que passam um período que varia de seis meses a um ano estudando em outro país. Existem algumas agências de intercâmbio que fazem o contato entre escolas de nível médio, e organizam a troca de estudantes.
·        Fuga de Cérebros: Fuga de capital humano (também referida como Fuga de cérebros, ou pelo seu termo em inglês, brain drain) é uma emigração em massa de indivíduos com aptidões  técnicas ou de conhecimentos, normalmente devido a fatores como conflitos étnicos e guerras civis, falta de oportunidade, riscos à saúde e instabilidade política nestes países. Uma fuga de cérebros é geralmente considerada custosa economicamente, uma vez que os emigrados obtiveram suas formações de maneira patrocinada pelo governo.
·        Trabalhadores

-  Ilegais

Tráfico de Pessoas e Escravidão:

O tráfico de seres humanos não é somente um problema brasileiro, mas um fenômeno mundial que tem sido vivenciado por milhões de pessoas de diferentes lugares do mundo. Essas pessoas ficam submetidas a trabalhos forçados para gerar lucros aos grupos de exploradores. No Brasil o tráfico de seres humanos se encontra como a terceira maior fonte de renda gerada pelo tráfico. Perdendo somente para o tráfico de armas e drogas.

Dica de leitura:
https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/trafico-de-pessoas/

- Refugiados

Refugiado é um conceito que está associado ao verbo refugiar (fugir, abrigar-se, escapar). O termo é usado com referência ao indivíduo que, devido a uma perseguição política, um conflito bélico ou outra situação que ponha a sua vida em risco, se vê obrigado a solicitar refúgio no estrangeiro. Ora, o refugiado vê-se forçado a abandonar o seu país uma vez que, se lá permanecesse, ficaria em perigo. Deste modo, outra nação o acolhe no seu território e confere-lhe proteção.

Dicas de leitura:
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf
http://200.129.209.183/arquivos/arquivos/78/EDITORA/catalogo/direitos-humanos-e-refugiados-cesar-augusto-da-silva-org.pdf

- Peregrinações Religiosas

Desde o mundo antigo, as peregrinações – de origem latina, per agros significa ‘pelos campos’ -, sob o ângulo histórico e religioso, consistiam em jornadas realizadas individualmente ou em grupo para um determinado lugar consagrado, uma cidade ou um templo marcado por um acontecimento especial ou pela passagem de um herói, um deus, algo sobrenatural. Deste ponto de vista, este fenômeno ocorre em praticamente todas as religiões e culturas, desde os tempos mais remotos. Assim, qualquer seguidor de um culto religioso, ao viajar a um local considerado sagrado, movido por um objetivo espiritual, está efetuando uma jornada.

- Turismo

Xenofobia
A xenofobia, repulsa ao imigrante, se torna cada vez mais presente nos países desenvolvidos. Isso acontece devido às diferenças socioculturais apresentada entre pessoas de diferentes países e, especialmente, a relação entre trabalhadores dos países ricos e os estrangeiros que chagam vindos de países mais pobres, que querem o mesmo cargo de trabalho.
   







FOME, POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL

FOME:

A carência de alimentos no organismo por períodos prolongados, causando sensações de desconforto e dor, significa Fome.

A fome epidêmica ocorre em períodos em que acontecem guerra em um determinado lugar, desastres ecológicos ou pragas que compromete drasticamente o fornecimento de alimentos, isso acarreta a morte de milhares de pessoas.

A fome endêmica possui outra característica, é aquela no qual o indivíduo não ingere a quantidade mínima de calorias diárias, o resultado disso é a desnutrição ou subnutrição que assola 800 milhões de pessoas em todo mundo.

A subnutrição fragiliza a saúde tornando a pessoa acessível a doenças. Observando esse panorama nota-se que a fome ou subnutrição não é decorrente da produção insuficiente de alimentos, pelo contrário, ano após ano a produção tem aumentado o volume, e é fato que a produção de alimentos é mais do que suficiente para suprir as necessidades da população mundial.

POBREZA:

A pobreza é um fenômeno multidimensional e a busca por políticas públicas para combatê-la depende do bom entendimento de sua natureza e causas. Numa primeira aproximação a pobreza pode ser entendida como insuficiência de renda para alcançar um nível mínimo de padrão de consumo previamente estabelecido pelo analista, Estado ou Nação. Vista inicialmente como insuficiência de renda, o conceito de pobreza vem evoluindo. Apenas considerando pobreza como o número de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia em média, já há grandes divergências sobre este conceito, uma vez que as necessidades básicas das pessoas divergem sensivelmente de país para país.

Pobreza absoluta:

A determinação da linha de pobreza na abordagem absoluta é baseada na estimativa das necessidades básicas e recursos necessários para atendê-las.

Pobreza relativa:

Esta abordagem está baseada na privação econômica relativa. Famílias ou indivíduos são considerados pobres se não têm a renda necessária para atingir o padrão de vida corrente de uma determinada sociedade.

Linha Internacional da Pobreza:

Linha de pobreza é o termo utilizado para descrever o nível de renda anual com o qual uma pessoa ou uma família não possui condições de obter todos os recursos necessários para viver. A linha de pobreza é, geralmente, medida em termos per capita (expressão latina que significa "por cabeça") e diversos órgãos, sejam eles nacionais ou internacionais, estabelecem índices de linha de pobreza. O Banco Mundial atualizou o valor da linha internacional da pobreza para US$1,90 por dia. A nova linha global de pobreza é baseada na Paridade do Poder de Compra nos países mais pobres do mundo.

SUBNUTRIÇÃO:

A subnutrição pode ser causada por dois fatores: a alimentação deficiente ou a falta de alimentos. A alimentação deficiente ocorre com pessoas que baseiam a sua dieta alimentar apenas em carboidratos e gorduras, sendo essa alimentação muito pobre em frutas, verduras e proteínas como a carne.

SEGURANÇA ALIMENTAR

A Segurança Alimentar e Nutricional significa garantir, a todos, condições de acesso a alimentos básicos de qualidade, em quantidade suficiente, de modo permanente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, com base em práticas alimentares saudáveis, contribuindo, assim, para uma existência digna, em um contexto de desenvolvimento integral da pessoa humana.


Dica de Leitura:

http://www.jb.com.br/pais/noticias/2017/04/05/le-monde-banco-mundial-alerta-para-alto-indice-de-pobreza-no-brasil/
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39243234
http://www.dw.com/pt-br/mundo-tem-2-bilh%C3%B5es-de-subnutridos-diz-estudo/a-17993861